domingo, 22 de junho de 2008

O Espírito Santo, "o Desconhecido para além do Verbo"


"Essa admirável expressão é de Hans Urs Von Balthasar. Ela manifesta bem a união entre duas realidades e a tensão indubitável que acompanha tal união, o Verbo e o Espírito. Sugere o aspecto de liberdade e de operação misteriosa que caracteriza o Espírito. Enfim, sugere que se trata de adiante, num espaço ou num tempo abertos pelo Verbo.

Tudo o que sabemos sobre o Espírito corresponde a essa sinalização. A Escritura o designa sempre através de símbolos que falam de movimento: sopro e vento, água viva, pomba que voa, línguas... O Novo Testamento lhe atribui a energia dos inícios, a liberdade, a abertura ao reconhecimanto do outro. Christian Duquoc, que faz essa observação, mostra que o Absoluto, segundo o Novo Testamento, não é o Perfeito Solitário da metafísica, um fechamento em si mesmo, e sim um "êxtase". Dionísio diz que o amor é "extático": o Pai se ex-prime no Verbo ao colocar-lhe "outro", e o Espírito quebra a suficiência do "face a face" das duas primeiras Figuras... Na obra que Deus coloca fora de Si pela dupla missão do Verbo e do Espírito, este é "a energia que exorciza a fascinação do passado ou da origem para projetar adiante, rumo a um futuro cuja novidade é a sua característica primeira".

..."O Espírito Santo atualiza a Páscoa de Cristo em vista da escatologia da criação. Ele atualiza também a Revelação de Cristo. Ele impulsiona para frente o Evangelho para o não-ainda advindo da história. Pois se Cristo nasceu apenas uma vez, falou, morreu e ressuscitou apenas uma vez, essa uma vez deve encontrar acolhida, ganhar raízes e produzir fruto numa humanidade que se multiplica e se diversifica de maneira indefinida através das culturas, dos espaços humanos e no desenrolar do tempo..."

..."É o Espírito Santo, Espírito de Jesus, Jesus como Espírito, que faz isso..."


Trecho retirado do livro "Creio no Espírito Santo, 2º Tomo: "Ele é o Senhor e dá a vida" de Yves Congar (1904-1995); editora Paulinas.

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