quinta-feira, 11 de setembro de 2008

A relação entre Jesus, o Reino de Deus e a Igreja


O Senhor Jesus, durante a sua peregrinação na terra, anunciou o Evangelho do Reino e inaugurou-o em Si próprio, revelando a todos os homens o seu mistério(cf. LG3). Existe hoje, no próprio interior da Igreja, ou seja, na pessoa de seus pastores e fiéis um pensamento como que impregnado de que Jesus não anunciou a Igreja, de que Jesus não é o “fundador” e que não quis a Igreja como se manifesta por meio da Igreja Católica. Tal afirmação é sustentada por não poucos membros efetivos da Igreja, não se excluindo até alguns bispos, sucessores dos apóstolos e sinais da universalidade e unidade da Igreja (Cf. Exortação Apostólica Pós-Sinodal Pastores Gregis, 8.) Para compreender essa interpretação é necessário indagar sobre a origem e natureza da Igreja, que de uma forma magistral e própria foi desenvolvida pelo papa Bento XVI, então Cardeal da Santa Igreja. O Papa afirma que não existe uma contraposição entre Reino e Igreja, pois o Reino de Deus está implícito na Igreja, isto é, a Igreja “é o germe e o início deste reino de Deus”. E Jesus está “conectado” intimamente com o Reino e a Igreja. Utilizando um termo de Orígenes, “autobasiléia”, que define Jesus como o Reino, ele é o Reino, Jesus é o “auto-reino”. Outros grandes teólogos como Henri de Lubac, que resgatou a importância dos Santos Padres para a compreensão da Igreja, afirmaram esta relação entre Jesus, o Reino de Deus e a Igreja. Outros teólogos, influenciados por uma concepção marxista inserida na teologia, transformaram a eclesiologia em um instrumento “sócio-libertador”, e dentro desta concepção não cabe a relação íntima entre Jesus e a Igreja. O Reino de Deus foi posto numa esfera superior, acima da instituição-Igreja, isto é, o Reino é a realização “utópica” para os problemas sócio-políticos, a Igreja está abaixo do Reino. Esta concepção imanente reduz o Reino somente para este mundo. É preciso ter a clareza de que Jesus é o Reino, de que a Igreja é manifestação do Reino, que existe uma conexão íntima, fundamental entre essas realidades, só assim se superará a “mentalidade esquisita” que existe hoje na cabeça de muitos membros da Igreja, daí o discurso eclesiológico será fundamentado na grande Tradição da Igreja, sem esquecer seus fundamentos e não caindo num discurso inovador guiado pela insanidade, fruto de uma relação frustrada.

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