quinta-feira, 13 de maio de 2010

Algumas considerações sobre a homossexualidade - por D. Henrique Soares

A revista Veja desta semana traz como reportagem de capa a nova mentalidade que vai se impondo no que diz respeito à homossexualidade: entre os jovens ela é vista como algo normal! Agora já não há mais problema algum em “assumir” tranqüila e publicamente sua homossexualidade e vivê-la sem conflitos... E aí a matéria da Revista – a mesma que na semana passada trouxe um artigo do ateu André Petry criticando a religião e endeusando a ciência como esperança para a humanidade! – se esbalda em exemplos de jovens tão bem entrosados com sua vida homossexual...
Gostaria de propor algumas reflexões – e peço que você, meu caro Leitor, procure ponderar bem o que estou dizendo:
1. É bom mesmo que as pessoas homossexuais sejam respeitadas e não sejam estigmatizadas por suas tendências sexuais. A violência contra homossexuais – sejam elas físicas ou morais – é um crime e, diante de Deus, um pecado.
2. Também é correto desejar que cada pessoa tenha o direito de viver sua vida de acordo com seus valores e sua consciência, desde que respeitando o bem comum e as normas da boa convivência social. No entanto, não é aceitável que minorias homossexuais oranizadas queiram impor a toda a sociedade seus valores e seu modo de pensar, destruindo o sentido genuíno do que seja família e do que seja casamento...
3. O sincero respeito que se deve ter pelos homossexuais não deve e não pode significar que todos tenham a obrigação de fazer uma avaliação positiva da homossexualidade e, mais ainda, da prática homossexual. Respeitar a pessoa, suas tendências, suas opções, sim. A avaliação de suas ações e modo de viver, depende dos critérios que alguém tome como norte e sentido da existência humana... Para um ateu, o critério é ele próprio; para um crente, o critério do certo e do errado é o próprio Deus: ao que Deus chama errado, o crente somente poderá chamar de errado também!
4. Pensemos num cristão homossexual. Para um mundo pagão como o nosso, para pessoas que não têm como critério o Evangelho, ser homossexual e viver a homossexualidade não são problema algum; como não o é a infidelidade conjugal, como não o são as relações pré-matrimoniais e outras realidades mais... Mas, para alguém que creia em Cristo e deseje viver segundo a fé cristã, o ser homossexual traz sim dificuldades, conflitos e dores. E isto porque o critério da vida de um cristão não é a moda, não é a mentalidade dominante, não é a própria pessoa, mas a norma do Evangelho, expressa na fé da Igreja. Ora, deixar-se a si mesmo para abraçar na própria vida e com a própria vida a norma de vida de um Outro – dAquele que disse: “Quem quiser ser meu discípulo, renuncie-se a si mesmo e siga-me!” – não é e não será nunca uma tarefa fácil.
5. Um homossexual cristão deve sim procurar corajosamente aceitar sua realidade homossexual, mas não para viver do seu jeito e sim do jeito de Cristo! E qual é o jeito de Cristo? Qual a sua norma para a sexualidade humana? Certamente que tal norma é aquela da vida sexual como expressão do amor e da entrega a outra pessoa, numa tal comunhão que, selada pelo sacramento do matrimônio, seja até à morte e aberta de modo fecundo aos filhos que Deus der. Para Deus – sejamos claros – a norma é a heterossexualidade e não a homossexualidade! Para um cristão homossexual certamente isto provoca uma séria crise! (Todos nós temos nossas crises... É verdade, no entanto, que a crise no tocante à sexualidade é muito mais séria e estrutural!) E é preciso que se diga: para um cristão com tendência homoafetiva, a homossexualidade tem a marca da cruz – é sim uma cruz! Mas, o nosso Salvador Jesus disse: “Toma a tua cruz e segue-me!” Em outras palavras: “Segue-me com tua homossexualidade! Segue-me com as crises e dificuldades nas quais ela te coloca!” Um homossexual que deseje viver seriamente sua fé cristã deve saber que é amado pelo Senhor, que não é rejeitado pela Igreja, mas que deve – como também os heterossexuais – colocar sua sexualidade debaixo do senhorio de Cristo: deve lutar para ser casto, para ser reto, para fugir de toda leviandade e imoralidade; deve claramente reconhecer que os atos homossexuais não são moralmente corretos como a relação heterossexual no casamento... Por isso é muito importante que um homossexual cristão procure a ajuda de um sacerdote ou de um cristão maduro, ponderado, fiel a Cristo e à Igreja que possa ajudá-lo no seu caminho. Quem não precisa da ajuda dos outros no caminho de Cristo? Não é isto a Igreja? Não é isto que nos manda a fé cristã: ter uma orientação espiritual com alguém que saiba curar as próprias feridas e as dos outros? E se houver quedas no caminho desse irmão homossexual? E se as amizades descambarem para atos homossexuais? É não desanimar: como qualquer cristão, trata-se de olhar para o Cristo, pedir perdão no sacramento da Penitência e recomeçar o caminho, procurando vencer o pecado! E se um homossexual cristão, mesmo reconhecendo que os atos homossexuais não são moralmente agradáveis a Deus, não conseguir ser casto, e procurar viver com outra pessoa do mesmo sexo, inclusive tendo uma vida sexualmente ativa? Nem assim deve pensar que já não é cristão! Deve reconhecer claramente que sua situação não é o ideal diante de Deus. No entanto, deve viver uma vida o quanto possível digna diante do Senhor e dos homens. Não deve deixar a oração nem a freqüência da Santa Missa e deve dizer sempre – todos nós devemos dizer sempre com o coração, o afeto, a alma e também com as lágrimas: “Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, tem piedade de mim, pecador!” Certamente que aquele que se decida por uma vida de prática de atos homossexuais não deve se confessar sacramentalmente nem receber a comunhão eucarística; mas pode sim procurar sempre o conselho e a ajuda de um sacerdote ou de um cristão que o auxilie no caminho de seu seguimento a Cristo. É muito importante compreender que não há miséria e drama humanos que não possam ser atingidom pela cruz do Senhor. Não se trata de chamar certo ao que é errado ou de avaliar como virtude ao que é fraqueza aos olhos do Senhor; trata-se, sim, de ter misericórdia, de acolher, de ter compaixão do outro! Triste daquele que vir o irmão levando pesado fardo e ainda lhe aumentar o peso com o desprezo e a rejeição! O pecado deve ser chamado sempre pecado, mas o pecador deve ser sempre acolhido com misericórdia e respeito e tratado como um irmão. Quem de nós não é pecador? Quem de nós não é ferido? Quem de nós não tem suas doenças espirituais?
6. Não sabemos por que algumas pessoas nascem homossexuais. Sabemos que elas não escolheram a tendência que possuem; sabemos também que não são moralmente doentes – há tantos homossexuais tão dignos e generosos! Mas, sabemos que elas podem seguir o Senhor e devem fazer o melhor de si para serem santos, para serem cristãos de verdade! O resto, coloquemos nas mãos do Senhor, com os olhos fitos em Cristo, que morreu por todos de modo tão atroz, exatamente porque grande é a profundidade de nossas misérias e contradições. Diante de mistérios assim, diante dos enigmas da existência, diante da dor e da cruz dos irmãos, devemos olhar para o céu e pronunciar, comovidos e humildes, aquela sábia bênção judaica, que cabe muito bem nos lábios de um cristão: “Bendito sejas tu, Senhor nosso Deus, que guardas os segredos!” Isto mesmo: ele sabe os mistérios! Ele conhece o motivo; ele sabe o porquê. Nós não sabemos nada!
7. Esta é a diferença entre o pensar cristão e a perspectiva da revista Veja: para a reportagem, a vida é sem Deus mesmo: cada um é a sua verdade, a sua medida e o seu próprio critério; cada um faz o que bem entende com a existência. Para o cristão a vida é dom, é mistério a ser vivido diante de um Outro que nos ama e a quem deveremos prestar contas. Num mundo sempre mais pagão e menos cristão, vai ficando difícil compreender estas coisas... Aos pais cristãos que tenham filhos homossexuais, eu digo: acolham-nos com amor e respeito, ajudem-os a definir os valores de sua vida segundo os critérios de Cristo, não os abandonem nunca nem os tratem com desprezo, mostrem-lhes sempre Jesus como ideal e caminho de felicidade e realização e, no fim de tudo, rezem muito por eles e os respeitem no rumo que derem à vida, desde que digno e responsável, sem leviandades ou desrespeito ao sagrado recinto do lar!
8. Quanto aos jovens “felizes e realizados” com sua “opção” sexual, tais como a Veja nos apresenta, paciência: é o modo de pensar e viver dos que já não conhecem a Deus e seu Cristo Jesus! Que Nosso Senhor também a eles mostre a luz bendita do seu Rosto para que vejam o verdadeiro sentido da vida e encontrem a verdadeira paz e realização! Não podemos impor aos não-crentes nossos valores; por eles podemos rezar, amá-los e anunciar-lhes Jesus Cristo, caminho, verdade e vida da humanidade e de cada pessoa!

Um comentário:

Courage Brasil disse...

Caro Pe. Leandro,

Sua mensagem é cheia de acerto. Muitos de nossos irmãos e irmãs carregam em si este espinho na carne e, desorientados, muitas vezes acham que devem aceitar o espinho como coisa normal. Que o Bom Deus abençoe o seu ministério sacerdotal e que esta mensagem ilumine o coração desses nossos irmãos e irmãs.

Aproveitando a oportunidade, divulgamos o nosso blog "Juventude Coragem", que promove no Brasil o trabalho do Apostolado Coragem que é direcionado àqueles que têm atrações pelo mesmo sexo, levando-lhes esta mesma mensagem que é transmitida pela Santa Igreja: buscar a pureza de corpo e de coração na vivência da castidade cristã.

juventudecourage.blogspot.com

Um abraço fraterno,
Juventude Coragem