A
prática da recepção da Sagrada Comunhão na mão é estranha à tradição litúrgica
da Igreja. Alguns tentam justificar essa prática fazendo alusão à S. Cirilo de
Jerusalém que, em suas catequeses mistagógicas ensinava aos neófitos a se aproximarem
diante da eucaristia com as mãos em forma de trono, para receber o Rei Jesus.
Essa prática caducou por meio do desenvolvimento orgânico da liturgia, que a
partir do século VI concebeu que a recepção da eucaristia aos fiéis seria de
joelhos e na boca, com todo o seu rico significado. Tentar justificar a comunhão
na mão é um arqueologismo litúrgico, que despreza o desenvolvimento progressivo
que culminou na recepção da comunhão de joelhos e na boca.
É
totalmente contraditório descartar mil e quatrocentos anos que santificaram homens
e mulheres por meio da comunhão de joelhos e na boca, por uma prática estranha e
insignificante (que ainda santifica muitos homens e mulheres, porém, de um modo
impreciso e imperfeito). Indubitavelmente não é o modo como a pessoa recebe a
comunhão que a santifica, mas a sua busca de conversão, sem as disposições
interiores não existe santificação.
No
entanto, o modo como se recebe a eucaristia tem uma fundamental importância.
Receber a comunhão na mão santifica, porém, não de uma maneira plena e
adequada. Isso quer dizer que quem recebe a comunhão na mão está se santificando
sim, porém, existe um modo mais perfeito e santo de se receber essa graça; santificam-se
porque não conhecem ou não ensinaram sobre a profundidade da comunhão “Genibus
et in linguam”( De joelhos e na língua). O gesto humilde de se colocar de
joelhos efetivamente causa uma eficácia espiritual imensa e sem precedentes. A atitude espiritual que acompanha a posição
de joelhos é incomparavelmente mais significativa e perfeita do que a comunhão
na mão. Quando se comunga na mão, a atitude espiritual praticamente desaparece,
pois carece da gestualidade que exige o momento; tomar o corpo do Senhor nas
mãos é um gesto orgulhoso, dessacralizado.
Foi
nos meios protestantes que a comunhão na mão foi introduzida. João Calvino
negava a presença real de Jesus na eucaristia e para negar essa presença
excluiu a recepção de joelhos e na boca. A comunhão na mão só foi introduzida
na Igreja Católica por pressionamentos de bispos e padres europeus, que
infelizmente proliferou em todo mundo católico. É muito estranho adotar uma
prática que serviu para negar a presença real, justamente no momento em que
Cristo está realmente presente sob o véu do sacramento, isto é, na sagrada
comunhão. Os fiéis católicos devem ser alertados sobre tal prática protestante,
para que redescubram a sacralidade e eficácia espiritual de se receber o corpo
e o sangue de Cristo segundo o modo tradicional e excelente da comunhão de joelhos
e na boca.
Pe. Leandro Luis Bernardes
Um comentário:
Padre, excelente texto.
Há pessoas que não entendem que Paulo VI spo regularizou a comunhão na mão para evitar um mal maior.
Escrevi sobre isso há algum tempo
http://www.tradicaoemfococomroma.com/2012/01/comunhao-na-mao-pratica-ilegitima-no.html
Pax!
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