quinta-feira, 3 de maio de 2012

Comunhão na mão: estranha à tradição litúrgica



A prática da recepção da Sagrada Comunhão na mão é estranha à tradição litúrgica da Igreja. Alguns tentam justificar essa prática fazendo alusão à S. Cirilo de Jerusalém que, em suas catequeses mistagógicas ensinava aos neófitos a se aproximarem diante da eucaristia com as mãos em forma de trono, para receber o Rei Jesus. Essa prática caducou por meio do desenvolvimento orgânico da liturgia, que a partir do século VI concebeu que a recepção da eucaristia aos fiéis seria de joelhos e na boca, com todo o seu rico significado. Tentar justificar a comunhão na mão é um arqueologismo litúrgico, que despreza o desenvolvimento progressivo que culminou na recepção da comunhão de joelhos e na boca. 
É totalmente contraditório descartar mil e quatrocentos anos que santificaram homens e mulheres por meio da comunhão de joelhos e na boca, por uma prática estranha e insignificante (que ainda santifica muitos homens e mulheres, porém, de um modo impreciso e imperfeito). Indubitavelmente não é o modo como a pessoa recebe a comunhão que a santifica, mas a sua busca de conversão, sem as disposições interiores não existe santificação. 
No entanto, o modo como se recebe a eucaristia tem uma fundamental importância. Receber a comunhão na mão santifica, porém, não de uma maneira plena e adequada. Isso quer dizer que quem recebe a comunhão na mão está se santificando sim, porém, existe um modo mais perfeito e santo de se receber essa graça; santificam-se porque não conhecem ou não ensinaram sobre a profundidade da comunhão “Genibus et in linguam”( De joelhos e na língua). O gesto humilde de se colocar de joelhos efetivamente causa uma eficácia espiritual imensa e sem precedentes.  A atitude espiritual que acompanha a posição de joelhos é incomparavelmente mais significativa e perfeita do que a comunhão na mão. Quando se comunga na mão, a atitude espiritual praticamente desaparece, pois carece da gestualidade que exige o momento; tomar o corpo do Senhor nas mãos é um gesto orgulhoso, dessacralizado. 
Foi nos meios protestantes que a comunhão na mão foi introduzida. João Calvino negava a presença real de Jesus na eucaristia e para negar essa presença excluiu a recepção de joelhos e na boca. A comunhão na mão só foi introduzida na Igreja Católica por pressionamentos de bispos e padres europeus, que infelizmente proliferou em todo mundo católico. É muito estranho adotar uma prática que serviu para negar a presença real, justamente no momento em que Cristo está realmente presente sob o véu do sacramento, isto é, na sagrada comunhão. Os fiéis católicos devem ser alertados sobre tal prática protestante, para que redescubram a sacralidade e eficácia espiritual de se receber o corpo e o sangue de Cristo segundo o modo tradicional e excelente da comunhão de joelhos e na boca. 

Pe. Leandro Luis Bernardes

Um comentário:

David A. Conceição disse...

Padre, excelente texto.

Há pessoas que não entendem que Paulo VI spo regularizou a comunhão na mão para evitar um mal maior.

Escrevi sobre isso há algum tempo

http://www.tradicaoemfococomroma.com/2012/01/comunhao-na-mao-pratica-ilegitima-no.html

Pax!