terça-feira, 6 de outubro de 2009

Ele veio até nós



Das Homilias sobre o Evangelho de Lucas, por Orígenes (185-253), presbítero e teólogo:


De acordo com um ancião que quis interpretar a parábola do Bom Samaritano, o homem que descia de Jerusalém em direção a Jericó representa Adão, Jerusalém o paraíso, Jericó o mundo, os salteadores as forças malignas, o sacerdote a Lei, o levita os profetas, o samaritano Cristo. As feridas simbolizam a desobediência, a montaria o Corpo do Senhor. E a promessa de voltar, feita pelo samaritano, prefigura, de acordo com este intérprete, o segundo advento do Senhor.

Este Samaritano carrega os nossos pecados (cf. Mt 8,17) e sofre por nós. Pega no moribundo e o conduz à estalagem, ou seja, à Igreja.

A Igreja está aberta a todos, não recusa o seu socorro à ninguém e todos são convidados por Jesus: «Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos que Eu hei de aliviar-vos» (Mt 11,28).

Após ter conduzido o ferido, o Samaritano não parte de imediato, mas fica todo o dia na hospedaria junto do moribundo. Trata-lhe das feridas não apenas durante o dia, mas também de noite, abraçando-o com dedicada solicitude.

Verdadeiramente este guardião de almas mostrou-se mais próximo dos homens que a Lei e os profetas «dando prova de bondade» para com aquele «que tinha caído nas mãos dos salteadores» e «mostrou ser o seu próximo» mais pelos atos do que pelas palavras

Segundo a palavra: «Sede meus imitadores como eu o sou de Cristo» (1Cor 11,1), é possível imitar Cristo e ter piedade dos que «caem nas mãos dos salteadores», aproximando-nos deles, ligando-lhes as feridas, vertendo óleo e vinho sobre elas, carregando-os sobre a nossa própria montada e transportando-lhes os fardos. É por isso que, para nos estimular, o Filho de Deus diz, dirigindo-se a todos nós, mais ainda que ao doutor da lei: «Vai, e faz o mesmo».

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