Cristo pede-nos duas coisas: que condenemos os nossos pecados e perdoemos os dos outros, e que façamos a primeira coisa por causa da segunda, que será então mais fácil, pois aquele que pensa nos seus pecados será menos severo para com o seu companheiro de miséria. E perdoar não apenas por palavras mas «do fundo do coração», para que não se vire contra nós o ferro com que cremos trespassar os outros. Que mal te pode fazer o teu inimigo, que se possa comparar com aquele que fazes a ti próprio? [...] Se te deixas levar pela indignação e pela cólera, serás ferido, não pela injúria que ele te fez, mas pelo ressentimento com que ficas.
Não digas: «Ele ultrajou-me, ele caluniou-me, ele causou-me inúmeros males.» Quanto mais disseres que ele te fez mal, mais demonstras que ele te fez bem, pois deu-te oportunidade de te purificares dos teus pecados. Deste modo, quando mais ele te ofende, mais hipóteses te dá de obteres de Deus o perdão dos teus pecados. Porque, se quisermos, ninguém poderá prejudicar-nos; até os nossos inimigos nos prestam um grande serviço. [...] Reflecte portanto nas vantagens que obténs de uma injúria suportada com humildade e doçura.
São João Crisóstomo (v. 345-407), Arcebispo de Constantinopla
Homilias sobre São Mateus, n° 61
(a partir da trad. Véricel, L’Evangile commenté, p.214)
Fonte: Evangelho Cotidiano
Homilias sobre São Mateus, n° 61
(a partir da trad. Véricel, L’Evangile commenté, p.214)
Fonte: Evangelho Cotidiano
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